Mil presos desaparecidos na ditadura chilena permanecem no censo eleitoral
Mil presos desaparecidos na ditadura chilena permanecem no censo eleitoral
Santiago do Chile, 22 mai (EFE).- Mil prisioneiros desaparecidos durante a ditadura militar de Augusto Pinochet (1973-1990) permanecem inscritos nos registros eleitorais do Chile 'porque legalmente não estão mortos', justificou nesta terça-feira o Serviço Eleitoral do país.
O fato foi admitido pelo diretor do organismo, Juan Ignacio García, à presidente do Agrupamento de Familiares de Presos Desaparecidos (AFDD), Lorena Pizarro, para quem o tema de fundo 'é que há um Estado que não enfrenta a situação do desaparecimento forçado'.
'Isso também é impunidade e parte da não reparação aos danos causados às famílias', ressaltou García. O Chile, um país com 17 milhões de habitantes, realizará eleições municipais em cinco meses e presidenciais no ano que vem.
No dia 23 de janeiro passado, o governo chileno oficializou a entrada em vigor da inscrição automática e o voto voluntário, que permite incorporar 4,5 milhões de chilenos ao censo eleitoral e que desponta como antessala para a aprovação de reformas que atualizem a saúde democrática do país.
Até então, os cidadãos chilenos maiores de idade tinham de se inscrever para votar e o voto era obrigatório, a menos que se apresentasse uma justificativa às autoridades, o que tinha afastado os jovens das urnas e envelhecido o censo eleitoral.
Mas a subdiretora do Serviço de Registro Eleitoral (Servel), Elizabeth Cabrera, negou aos jornalistas que a situação dos mil desaparecidos inscritos se trate de um 'erro'.
A funcionária afirmou que o Registro Civil não tem antecedentes para tirá-los nem para informá-los em uma lista de falecidos porque, segundo ela, 'não há nem certidão de óbito emitida por médicos, nem suposta sentença de morte emitida por algum tribunal'.
Copyright (c) Agencia EFE, S.A. 2010, todos os direitos reservados