segunda-feira, 10 de setembro de 2012
Renove onde você está

Certa
vez, Martinho Lutero foi abordado por um homem que entusiasticamente
anunciou que tinha se tornado cristão há pouco tempo. Desejando
desesperadamente servir ao Senhor, ele perguntou a Lutero: “O que devo
fazer agora?”, como se dissesse: devo me tornar um ministro, ou talvez
um evangelista itinerante?
Lutero respondeu: “Atualmente, qual é sua profissão?”.
“Sou um sapateiro”.
Para surpresa dele, Lutero respondeu: “Então faça um bom sapato e venda por um preço justo”.
Ao
nos tornarmos cristãos, não precisamos abandonar o chamado vocacional
que já temos. Nem precisamos justificar esse chamado, qualquer que seja,
em termos de seu valor “espiritual” ou de utilidade evangelística.
Precisamos simplesmente exercitar o que nosso chamado era com novas
motivações, alvos e padrões, que glorificam a Deus – e com um
compromisso renovado em realizar nosso chamado com excelência maior e
objetivos mais altos.
Uma
das maneiras de refletirmos nosso Criador é sendo criativos exatamente
onde estamos, com os talentos e dons que ele nos deu. Como Paulo diz:
“Cada um permaneça na vocação em que foi chamado… Irmãos, cada um
permaneça diante de Deus naquilo em que foi chamado.” (1 Coríntios
7.20,24). Quando fazemos isso, cumprimos nosso chamado de reformar e
embelezar nossos muitos “lugares” para a glória de Deus.
Uma
vez, ouvi Os Guinness falar sobre o que o reforma assim exigiria. Ele
disse que a razão principal para os cristãos não estarem fazendo maior
diferença em nosso mundo não é porque eles não estão onde deveriam
estar. Existem, em outras palavras, multidões de artistas, advogados,
doutores e empresários que são cristãos. Pelo contrário, a razão
principal é que os cristãos não são quem eles deveriam ser justamente
onde estão.
Externamente,
não precisa haver qualquer diferença discernível entre o trabalho de um
não-cristão e de um cristão. Muitos notaram que uma abordagem
transformacional da cultura não significa que toda atividade humana
praticada por um cristão (projetar computadores, consertar carros,
vender seguros, ou qualquer outra) deva ser óbvia e externamente
diferente das mesmas atividades praticadas por não-cristãos. Ao invés
disso, a diferença é encontrada no “motivo, objetivo e padrão”. John
Frame escreve: “o cristão procura trocar pneus para a glória de Deus e o
não-cristão, não. Mas essa é uma diferença que não pode ser capturada
em uma fotografia. Enquanto trocam pneus, um cristão e um não-cristão
podem ser bem parecidos”.
Cristo
não é somente Senhor da igreja; ele também é supremo sobre a família,
as artes, as ciências, e a sociedade humana em geral. Nas famosas
palavras de Abraham Kuyper, “Não existe sequer um centímetro de nossa
existência humana do qual Cristo, que é soberano de tudo, não proclame
‘Meu!’”
É
por isso que não devemos nos retirar do mundo, mas, pelo contrário,
trazer os padrões da Palavra de Deus à toda dimensão da cultura humana.
Fazer a diferença por Cristo significa entregar todas as áreas de nossas
vidas sob seu senhorio. Devemos viver em devoção apaixonada por ele, em
todos os momentos e em todas as circunstâncias. Enquanto fazemos isso, o
poder renovador de Deus é liberado por meio de nós.
Portanto,
enquanto os cristãos devem se separar de motivações de
autoglorificação, de objetivos que ignoram a Deus, e dos padrões
inferiores do mundo (nossa separação espiritual), não devemos nos
separar de pessoas, lugares e coisas no mundo (uma separação especial).
Devemos ser moral e espiritualmente distintos, sem sermos culturalmente
segregados.
Em
Lucas 16.9, Jesus encoraja seus discípulos a imitar a inventividade das
pessoas mundanas em alcançar objetivos, mas ele especifica que os
objetivos que os cristãos perseguem são diferentes. Devemos focar na
glória da era porvir, não na busca mundana por prazer, lucro e posição. O
velho ditado de que cristãos não deveriam pensar de maneira tão
celestial a ponto de não terem nenhum valor terreno é verdadeiro em
certo sentido. Porém, no mundo de hoje, o valor terreno dos cristãos
depende de nossa disposição para o que é celestial. Isso me lembra da
observação de C.S. Lewis, de que os cristãos que mais fizeram pela
presente era são aqueles que mais pensaram na futura.
Tradução: Josaías Jr no iPródigo
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